FIESP - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo

03/24/2023 | News release | Distributed by Public on 03/24/2023 16:03

O desafio da inclusão de migrantes e imigrantes

Evento na Fiesp debate como estabelecer igualdade de tratamento e de oportunidade de ingresso no mercado de trabalho para quem recomeça a vida em outro estado ou país

Solange Sólon Borges, Agência Indusnet Fiesp

As empresas têm papel-chave pelas oportunidades que oferecem às pessoas com potencial de mudar vidas. A frase de Marta Lívia Suplicy, presidente do Virada Feminina e do Conselho Superior Feminino (Confem) da Fiesp, contextualiza o evento realizado nesta sexta-feira (24/3) sobre Diversidade & Inovação - contratando mulheres migrantes.

Na ocasião, foram debatidas a necessidade de se estabelecer igualdade de tratamento e de oportunidades, de incentivar a inclusão no mercado formal de trabalho, de enfrentar cenários de discriminação e de promover e fortalecer o trabalho das mulheres migrantes.

São Paulo tem uma história de acolhimento aos imigrantes e migrantes. Soninha Francine, secretária de Direitos Humanos e Cidadania do município, tratou dos programas voltados às pessoas com direitos ameaçados e/ou violados. E, como apoio, conta com diversos centros de referência, cinco de cidadania LGBT, quatro voltados à mulher, oito núcleos de promoção da igualdade racial e um de atendimento à população imigrante, além do trabalho efetuado por unidades móveis, mais o ensino da língua portuguesa em doze escolas municipais.

A secretária explicou que a atuação vai além do socioassistencial, com ações educativas, de sensibilização e de articulação com atores da sociedade, de parcerias com iniciativas do setor privado.

A secretaria Soninha Francine, abordou os programas voltados às pessoas com direitos ameaçados e/ou violados. Fotos: Karim Kahn/Fiesp

Já Jonathan Austin, cônsul-geral adjunto dos Estados Unidos em São Paulo, lembrou que, em toda a América Latina, milhões de pessoas deixam seus lugares em busca de oportunidades. Para ele, o Brasil, e especialmente São Paulo, tem tradição em receber pessoas em situação de vulnerabilidade e um elemento-chave para o imigrante é se estabelecer com segurança econômica. As mulheres estão entre as mais vulneráveis e um emprego significa a possibilidade de cuidar da sua família, ter sua dignidade e independência.

Marta Lívia Suplicy complementou mencionando o necessário olhar de humanização que se deve ter, além da disseminação de informações coesas. Ao tratar das ações da Fiesp no quesito inclusão e apoio às populações imigrantes, ela afirmou que quatro mil mulheres já foram impactadas, citando os programas Mulheres Negras na Indústria e Elas na Indústria, como lugar de fala e espaço. "É preciso pensar no dia a dia, que garante a dignidade das mulheres", concluiu Marta, ao enfatizar a importância de se ofertar um emprego ou incentivar o empreendedorismo.

Marta Lívia Suplicy, do Confem, lembrou o necessário olhar de humanização que se deve ter para com essas pessoas em situação de vulnerabilidade

Michele Barron, gerente sênior do Programa OIM-ONU Migração considera as ações da Fiesp inspiradoras por terem colocado o tema da migração em evidência. "Quando o setor privado oferece um primeiro trabalho, pode mudar a vida daqueles que buscam um sonho, uma oportunidade", disse ela.

E, segundo ela, a atuação de São Paulo - uma das primeiras cidades que criou política pública municipal de acolhimento e um sistema assistencial e de proteção aos imigrantes e refugiados - inspira a América Latina e o Caribe.

No evento, foram apresentados o panorama das migrações no mundo e em São Paulo, dados da integração econômica e o papel do setor privado para atrair, selecionar, contratar e integrar, além de case de boas práticas do Hospital Israelita Albert Einstein.

Oportunidade

De acordo com dados do Oportunidades - integração no Brasil, da OIM, de dezembro de 2019 a fevereiro de 2023 houve a contratação de 3.180 refugiados e imigrantes venezuelanos (40% mulheres e 60% homens). As vagas se concentraram especialmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. E nos setores de serviços (52%), alimentício, indústria (12%), economia verde (9%), saúde e beleza (6%) construção (1%), tecnologia (1%) e outros (7%).

O evento foi organizado pela Fiesp/Ciesp, Usaid - do povo dos Estados Unidos, Agência da ONU para as Migrações (OIM), Virada Feminina, Cidade de São Paulo - secretaria de Direitos Humanos e Cidadania, Oportunidades e Programa Selo Igualdade Racial do município.

No evento, debate-se a oportunidade de ingresso no mercado de trabalho para quem precisa recomeçar a vida em outro local